quinta-feira, 15 de junho de 2017

tão simbólica

um enorme bocejo é despejado por um chefe, arrastado por um “dormi tão tarde ontem, depois do jogo”. o “superior” ainda pergunta ao “inferior” ao seu lado no banheiro, se ele assistira à partida. “vi nada, ontem eu não vi nem a novela terminar”.

a conversa foi breve, não permitindo nem mesmo olhos nos olhos. as palavras foram trocadas enquanto os dois encaravam a própria face no espelho e lavavam as mãos.

eis talvez a mais básica das diferenças entre patrão e empregado, tão pequena, mas tão simbólica: duas horas de diferença no sono que impedem um de saber o que se passa no enredo da Glória Perez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário