domingo, 8 de junho de 2014

Ganhar ou perder?


Veio em consequência não sei de quê. Foi aumentando e se espalhando. A lá uma metástase. Me tirou o sono, a vontade de correr. Interrompeu tantos sorrisos, tantas vivências. Nasceu nem sei quando. E fui amamentando ao ver o seu desenvolvimento. Cresceu e me surpreendeu. Percebi, é claro, que tratava-se de mais uma procura por feridas. Sou especialista. Era então, de uma imensidade que só se podia suportar, entender era sonho. Quase explode dentro de mim. O cheiro de um alguém soava como gasolina, no fogo que em meu interior se espalhava. Abarrotava-se a ponto de ser impossível um ser humano tão sensível quanto eu, aguentar. Como previsto, não suportei. Disse ao alguém sobre tudo. O último alguém da lista. Não que existisse uma lista. Nem a probabilidade de confiar o segredo. Por que jogar no ventilador o que, há alguns meses, mesmo o espelho desconhecia? Nem sei. Mas de uma hora pra outra senti a necessidade. Dessas que batem e você sabe que vai dar merda. E deu. Mas pelo menos, agora não resta a menor dúvida. Entre declarações de amor; “trocaria qualquer desses por você”; “vivo pelo teu sorriso”; “que não mude nada entre nós”, o mais (ou único) ouvido foi o pedido derradeiro. Ouviu sim. E fez o contrário. Me mostrou uma indiferença tremenda. Eu, feliz por não ter que dividir aquilo só comigo. Fudido por não ter deixado só entre mim e eu. Disse. Falei mesmo. Entreguei. Soltei. Abri. Dividi. Compartilhei. Foi junto com a história, um estoque de lágrimas que lavaram a alma. Dessas, do outro lado da cidade o alguém não teve conhecimento. Foi o que faltou pra me levar a sério, ou me ceder de uma vez o atestado de inconsequente. Mas deixei uma delas cair em plena carta de amor. Manchei a esperança de tristeza. Um sinal? Talvez. Mas não sairia dessa puta situação se não fossem as palavras. Só resta saber se estas me salvaram, ou me deixaram fadado a ser alvo de medo desse alguém. O medo de ser amado, cuidado, querido. Basta dizer que não compreendo? Não muda nada, a aceitação vai ter que vir. De certa forma paguei pra ver e estou sentindo. Na pele. Queimando e deixando em carne viva aquelas feridas que achei, e magoei. Caju, meu querido caju, me convenceu a ganhar ou perder sem engano. Acredito que perdi. Azar no jogo do amor. Sorte em não ter mais engano. E o sono voltou...