segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O gosto da infância

Esse é um dos que dificilmente sairão da minha zona de lembrança. Com uma boa frequência, me vem em mente aquela angústia de ser despertado às cinco da manhã por uma mulher que aumentava os gritos a cada minuto que eu insistia em permanecer deitado. Que gosto inigualável tinha aqueles dez minutinhos a mais que minha mãe me dava para ficar na cama. Esse, sempre em contraste com o gosto do banho gelado obrigatório, para um "despertar" que parece não ter chegado até hoje. Na verdade, acredito que a medida em que se intensificavam meus passos, na tentativa de não encontrar os portões do colégio fechados, é que eu acordava de verdade. Quantos passos dei, fosse com chuva ou sol (nunca consegui detectar o pior)... Esse deve ser o preço a se pagar por morar perto da escola. Foi o caminho feito durante onze anos. Soma-se a tudo, aquela bolacha de maizena com café (vício até o dia presente), que faziam o papel de primeira refeição do dia. Todas essas sensações me fazem voltar no tempo por segundos amáveis e indispensáveis. Talvez não seja preciso uma máquina para tal. Não abro mão de saudar esses doces momentos sempre que possível. Não sei se só eu. E você, o que me diz, qual o gosto da sua infância?