domingo, 24 de novembro de 2013

Por que você faz Biblioteconomia?

Desde que fui selecionado pela Universidade Federal do Ceará, em fevereiro último, para ser aluno do curso de Biblioteconomia, já ouvi de um tudo. De um simples “que curso é esse?”, passando por “você tem certeza que quer ser isso?”, “você sabe que é possível mudar de curso na UFC , não sabe?” “Biblioquê?” “vai estudar economia?”, e até um “que curso fútil!”.
Da minha família, nunca esperei aprovação imediata. Já sabia que seria uma surpresa não muito agradável, e tive até muita coragem pra chegar e dizer em alto – e desagradável – som: vou estudar Biblioteconomia. Hoje, com um semestre já cursado, sinto que um mínimo de respeito se aproxima. É como se eu estivesse brincando o tempo todo, mas um semestre cursado e aprovado mostra que não.
Dos amigos, as mais variadas palavras ouvi. De gente do peito, fui super questionado sobre a importância do curso. Alguns mesmos respondiam, “deve ter sua importância por ser um curso que a Federal adotou”. E sim, sinto que muitos do que respeitaram a escolha, ligaram mais para o fato de ser na UFC. Outros, até tiveram a decência de perguntar o motivo, ou um pouco da própria biblio. Eu, com toda a paciência do mundo, explicava.
Paciência essa, que um futuro bibliotecário deve ter de sobra. Afinal, minha arma (instrumento de trabalho) será a informação. Não faria sentido deixar que alguém julgue a uma simples área de estudo, sem ao menos saber do que se trata.
Até para mim, foi uma surpresa. Isso porque havia escolhido como primeira opção, Jornalismo. A vontade e a curiosidade de fazer biblio também existia. Aliás, são áreas bastante semelhantes, a meu ver. E, como já expliquei para uma professora, não estou cursando a segunda opção por não ter sido selecionado na primeira. Eu poderia muito bem estudar mais um ano, me matriculado num cursinho. Não quis. Até porque já fiz cursinho durante um ano, e quem já passou por ele, há de concordar comigo: não é muito amável.
Mas a biblioteconomia encanta, e como encanta... é um aprofundamento apaixonante na cultura, na informação, na sabedoria. E oferece um leque de alternativas que um mero concludente de ensino médio ainda não decidido de sua profissão, nunca imaginaria. Para começar, ouve-se prontamente a afirmação de que não se restringe à bibliotecas. Bom saber, né. Pois esse é um mercado super-ultra-mega saturado.
Em um semestre já finalizado, posso dizer que também temos muitos desafios a enfrentar. Tirar a Biblioteconomia do anonimato (um projeto vital co C.A. do curso), lutar pela Lei 12.244 (aquela que afirma que todas as instituições de ensino publicas ou privadas devem contar com bibliotecas em suas estruturas em no máximo dez anos), e claro, cada uma com seu profissional devidamente qualificado. Além de outros.
É uma falta de reconhecimento na sociedade, que às vezes dói. Quem faz parte da área de humanas entende bem, acredito. Diria que estou preparado para mudar esse descaso. E, se o Jornalismo não me chamar, a Biblioteconomia pode contar comigo. E farei isso com prazer!

Sobre (o que é) verdade.

Recentemente, duas perguntas ousaram não sair da minha cabeça. A primeira veio de uma prima que estava em dúvida sobre a cor da pele de Cleópatra. A segunda, de um colega de classe, poderia servir até mesmo como resposta para a anterior: Professor, a verdade é a gente que faz?
Comecei a me indagar sobre esta boa e velha questão. A verdade é e sempre foi demasiadamente questionada. É esse questionamento que move, por exemplo, a imposição dos ateus. Se a verdade fosse uma só, se fosse independente e livre de interpretações, nunca o ser humano teria sido apresentado à arte da discussão. Para Paul Watzlawick “para que possa ocorrer a comunicação, é necessário que haja pelo menos uma outra pessoa.” Esse é o ponto. Porém, também é necessário mais de um ponto de vista. Não que seja preciso um consenso ou algo do tipo. Aliás, bem mais interessante é essa tentativa de compatibilidade ideológica, que quando alcançada, apresenta-se em um estado de tédio e chatice. Bons amigos, geralmente, concordam em uma banda comum, uma série de TV ou de livros, um ator etc. Mas é claro que sobre algum assunto, algum dia, um venha a discordar do outro. É nessa hora que entram em cena o respeito, a maturidade, a aceitação da divergência alheia. É preciso ser um tanto adulto para entender o seguinte: sim, a verdade é feita por todos e por cada um de nós. Cada uma é rica à sua maneira e merece total atenção. Portanto, ouvidos atentos e pacientes sempre! Afinal, São Sebastião (na igreja católica) é o mesmo que Oxossi (em orixá). Iemanjá é Janaína, é princesa de Aiocá. Hitler era “führer” e também um temido ditador. Entre outras verdades antônimas que nos deparamos durante a vida. A minha, a sua, a nossa verdade, não é apenas uma, e nenhuma, conseqüentemente é maior que a outra.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sobre a rapidez fonográfica...

Todos os dias ficamos mais e mais esgotados de tantos artistas novos que nos são apresentados – ou auto-apresentados – nessa era rápida. Hoje, com um passinho ou uma letra colante, é possível alcançar milhões de visualizações em dois tempos. Uma questão então surge: quanto tempo essas cyber celebridades podem durar? E pior... quanto tempo ainda temos para respeitar artistas de verdade, que há décadas nos contagiam? A internet, sem dúvidas, ajuda a grandes nomes da música, pode ser encarada como mais um meio de divulgação do trabalho, fazendo com que diariamente apareçam inúmeros fãs a mais. Porém, com essa explosão de variedade, pode acontecer de esses fãs a mais se transformarem em fãs a menos. Sim, pois nem todos os ‘seguidores’ ou ‘curtidores’ de um cantor/banda, são totalmente verdadeiros. Quem garante que estes não migrarão para outra página, de outro artista? Todo mundo conhece fulano que era viciado no trabalho de sicrano, e agora não escuta nada que não seja de beltrano. O fato é que algumas pessoas não param em um ídolo, e parecem macacos de galho em galho. Nem é preciso conhecer esse tal fulano para perceber a migração. A mídia tem um papel fundamental nesse processo. Para muitos, a própria é a culpada, pois cria um mito, e na mesma rapidez o desfaz. Exemplos vivos: em meados de 80, a cultura pop estava integralmente voltada para uma figura nada convencional nos atos, looks e letras – Madonna; No final da década de 90, todas as atenções estavam voltadas para as ‘princesinhas’ Britney Spears e Christina Aguilera; Atualmente, o pop é praticamente, tudo que Lady Gaga faz. Se os fãs de um artista fossem exatamente os mesmos até o fim (e mesmo depois dele), o último álbum de Michael Jackson venderia as então 100 milhões de cópias da obra ‘Thriller’. Não vendeu. Abusando do eufemismo: mas é preciso o ídolo ‘partir dessa para melhor’ para que seu fã novamente volte a admirá-lo? Nunca entendi bem o porquê de tanto auê quando certos nomes se vão. Muitos destes só têm um certo status porque se foram. É realidade. Não darei aqui minha opinião, por ética. Mas existem.
‘Mesmo os grandes homens só são verdadeiramente reconhecidos e homenageados depois de mortos. Por quê? Porque os que elogiam precisam se sentir de algum modo superior ao elogiado, precisam conceder’. A superioridade é a resposta para Otávio, personagem de Clarice Lispector em seu primeiro romance ‘Perto Do Coração Selvagem’. Não posso concordar com Otávio. Quem elogia nem sempre (ou quase nunca) se sente superior. Muitas vezes são tratados como qualquer coisa pelos elogiados. Pelos que não entendem que não estão em cima do palco por outro motivo que não seja os fãs. Estes não venderiam discos, não sairiam em fabulosas turnês, não fariam campanhas publicitárias milionárias simplesmente por não terem público. Agora, se Otávio quis dizer que quem elogia se sente superior a um homem o qual não admirava enquanto vivo, até que faz sentido. É uma idéia meio ‘sua obra não te deu a eternidade, e eu ainda estou vivo!’

 Precisamos preservar os poucos e bons que temos hoje. E isso não significa desdenhar dos novos. Novo não é necessariamente ruim. Muito cuidado para não adquirir um certo repúdio automático ao que vem por aí. E mais cuidado ainda na tentativa de preservar o que já tem seu tempo. Aliás, é isso: a música não tem tempo, não tem época. Até tem, a época que nasceu, mas nasce para sempre, vai durar enquanto seres humanos nascerem com um par de ouvidos. Porque ela só exige ouvidos, nada mais!

... É você quem faz!



Todos já agimos de modo que nem mesmo com o próprio espelho compartilhamos. Eis a pior vergonha: a de si. Que deixemos para trás os erros do passado, e que não os tiremos de lá. E que o fracasso seja simplesmente o começo. O amanhã há de ser melhor...

sábado, 16 de novembro de 2013

Sobre (meus) sonhos...

"(...) pois o mundo foi esvaziado de sonho para que os homens coubessem nele."(DONATO, Mário). Em que mundo estou vivendo? No real ou no abstrato? E como saberei? Por que é tão difícil saber? E por que faço tantas perguntas? Porque não sei as respostas. Porque admiro quem se conhece, quem sabe de si. Quem fala com veemente certeza de seus sonhos, de seu mundo. Sonhar não é pecado. Morrer por eles – ou com eles - também não. A verdade é que meus sonhos não me sustentam. E nunca sustentaram ninguém. Mas continuo, ando sobre eles e resido sob eles. Eles me fazem. Meus sonhos são minha voz. Meu olfato. Minha visão. Meus ouvidos. Meu tato. Eu não os traio e não abro mão deles. Só quero uma coisa: morrer sem eles. Morrer crente de que conquistei tudo o que quis, de que alcancei minhas aspirações, de que voei sobre meus desejos. É possível parar de querer mais? Alguém me diga que sim!