segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sobre a rapidez fonográfica...

Todos os dias ficamos mais e mais esgotados de tantos artistas novos que nos são apresentados – ou auto-apresentados – nessa era rápida. Hoje, com um passinho ou uma letra colante, é possível alcançar milhões de visualizações em dois tempos. Uma questão então surge: quanto tempo essas cyber celebridades podem durar? E pior... quanto tempo ainda temos para respeitar artistas de verdade, que há décadas nos contagiam? A internet, sem dúvidas, ajuda a grandes nomes da música, pode ser encarada como mais um meio de divulgação do trabalho, fazendo com que diariamente apareçam inúmeros fãs a mais. Porém, com essa explosão de variedade, pode acontecer de esses fãs a mais se transformarem em fãs a menos. Sim, pois nem todos os ‘seguidores’ ou ‘curtidores’ de um cantor/banda, são totalmente verdadeiros. Quem garante que estes não migrarão para outra página, de outro artista? Todo mundo conhece fulano que era viciado no trabalho de sicrano, e agora não escuta nada que não seja de beltrano. O fato é que algumas pessoas não param em um ídolo, e parecem macacos de galho em galho. Nem é preciso conhecer esse tal fulano para perceber a migração. A mídia tem um papel fundamental nesse processo. Para muitos, a própria é a culpada, pois cria um mito, e na mesma rapidez o desfaz. Exemplos vivos: em meados de 80, a cultura pop estava integralmente voltada para uma figura nada convencional nos atos, looks e letras – Madonna; No final da década de 90, todas as atenções estavam voltadas para as ‘princesinhas’ Britney Spears e Christina Aguilera; Atualmente, o pop é praticamente, tudo que Lady Gaga faz. Se os fãs de um artista fossem exatamente os mesmos até o fim (e mesmo depois dele), o último álbum de Michael Jackson venderia as então 100 milhões de cópias da obra ‘Thriller’. Não vendeu. Abusando do eufemismo: mas é preciso o ídolo ‘partir dessa para melhor’ para que seu fã novamente volte a admirá-lo? Nunca entendi bem o porquê de tanto auê quando certos nomes se vão. Muitos destes só têm um certo status porque se foram. É realidade. Não darei aqui minha opinião, por ética. Mas existem.
‘Mesmo os grandes homens só são verdadeiramente reconhecidos e homenageados depois de mortos. Por quê? Porque os que elogiam precisam se sentir de algum modo superior ao elogiado, precisam conceder’. A superioridade é a resposta para Otávio, personagem de Clarice Lispector em seu primeiro romance ‘Perto Do Coração Selvagem’. Não posso concordar com Otávio. Quem elogia nem sempre (ou quase nunca) se sente superior. Muitas vezes são tratados como qualquer coisa pelos elogiados. Pelos que não entendem que não estão em cima do palco por outro motivo que não seja os fãs. Estes não venderiam discos, não sairiam em fabulosas turnês, não fariam campanhas publicitárias milionárias simplesmente por não terem público. Agora, se Otávio quis dizer que quem elogia se sente superior a um homem o qual não admirava enquanto vivo, até que faz sentido. É uma idéia meio ‘sua obra não te deu a eternidade, e eu ainda estou vivo!’

 Precisamos preservar os poucos e bons que temos hoje. E isso não significa desdenhar dos novos. Novo não é necessariamente ruim. Muito cuidado para não adquirir um certo repúdio automático ao que vem por aí. E mais cuidado ainda na tentativa de preservar o que já tem seu tempo. Aliás, é isso: a música não tem tempo, não tem época. Até tem, a época que nasceu, mas nasce para sempre, vai durar enquanto seres humanos nascerem com um par de ouvidos. Porque ela só exige ouvidos, nada mais!

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