De junho passado
ninguém esquece. Nossas ruas foram empossadas, milhões tomaram
coragem de gritar. Do lado de cá, os jovens falaram alto,
escancararam o tamanho descontentamento com a política atual.
Exigiram tudo o que tinham direito, mas em melhores condições. Não
era só sobre R$0,20. A massa indignada mostrou a que veio. Do lado
de lá, no conforto de seus escritórios a plenos 18°C, os
detentores do poder, aliados de peso da mídia vergonhosamente
manipuladora, se contentaram no trabalho covarde de nomenclatura das
manifestações. Difundiu-se amplamente a ideia de que ali, só tinha
baderneiros, inimigos da ordem, pregadores do terror. A população
que diz amém aos editoriais de direita, compraram as simbologias.
Passamos a ver a evasão nos manifestos. Até mesmo pais buscando
filhos em meio a “tiros, porradas e bombas” com receio da
violência, não daquela vinda da polícia (de pé para proteger a
burguesia no conforto das suas propriedades privadas), que em atos
devidamente coreografados, tentavam calar as milhões de vozes. A
violência temida pelo pai, era a moral. “O que, afinal, procurava
seu filho naquela baderna?”
O cenário mudou, os
atores não. A menos de um mês, escolheremos aqueles candidatos que
melhor venderem seu peixe – ou que fizerem isso “menos pior”.
Excluindo-se alguns candidatos (que a gente mal vê no horário
eleitoral e em debates), não são eles, agora, a badernar por esse
país inteiro? Quem grita agora? Quem clama por atenção? Quem torna
nossas ruas imundas com tanta divulgação supérflua? (essa última
indagação, não é uma comparação com 2013). Ao chegar em casa e
abrir os correiros, o que enche nossas mãos, a não ser papéis e
números? O que mais nos polui sonoramente nesse período, a não ser
os paredões de som propagando versões ridículas de músicas
populares? O que mais nos seduz maliciosamente, a não ser as
acusações baixas de candidato X a candidato Y? (Essa situação vai
se abranger nos próximos dias). É só a mim que tudo isso chateia?
Tudo bem, sendo assim, fica aqui o desabafo e o desejo: escolham bem,
coloquem lá em cima o que mais nos representar, ou seja, pense no
plural. Mas primeiro responda: “O que realmente queremos?”. E
segundo, lembrem-se: Há mais alternativas a clamar por um voto que
os entrevistados pelo jornal nacional.