quinta-feira, 15 de junho de 2017

basta praticar

abraçar é a coisa mais gostosa desse mundinho, de fato. mas nem sempre é fácil pra mim. tipo brigadeiro: dou maior valor a uma colher, mas não como todo dia.

eu nunca fui aquela pessoa que chega num ambiente e dá um bom dia, boa tarde, e uns beijinhos em todo mundo que estiver presente.

a gente é uma mistura do que a gente quer viver com o que a gente já viveu (e o passado nem sempre é bonito).

e é aí que aquele joãozinho de poucos anos de idade, super hostilizado por ter "voz de baitola", por "deslocar muito a mão", por andar "feito menina", entra no meu hoje.

o joão de 2017 (na verdade o de sempre) tem um baita complexo de inferioridade. esse sentimento marca quem tem, e é o que faz pensar que a gente é sempre menor, mas feio, menos interessante que alguém. faz a gente quase não "se colocar", por vergonha, por medo.

é quase como ter medo mesmo das pessoas ao redor. medo dos olhares, dos dedos indicadores. é literalmente, como no meu caso, entrar por caminhos mais fáceis pra ser menos visto (faço isso na redação, todo dia).

eu sei, de cor e salteado, que cada um é cada um, que ninguém é maior que ninguém em nenhuma instância, e que a gente é especial da nossa forma. mas aquelas cenas de uns 10 anos atrás, onde "Patrick do Zorra Total" era meu apelido na escola, não vão sair da mente jamais.

eu já sofri muito porque queria ser mais parecido com a maioria, porque queria poder falar de futebol com os "colegas" da turma, porque queria dizer pra minha mãe que tinha muitos amiguinhos. mas eu não conseguia.

(esse último parágrafo não está numa época muito distante)

parece que eu to me vitimizando há algumas palavras, mas quem traz no peito a dor de alguma opressão sabe. quem demorou muito pra se impor na vida sabe. quem levou um tempo pra se mostrar/pra ser quem se é, sabe.

e quando eu passei a me amar vieram os outros problemas: que menino chato; nojento; esnobe; se acha. como a gente julga, como a gente fala. já pensou? deus dá asas aos pensamentos tóxicos alheios mas dá também às letras, que é pra gente se explicar.

então peço desculpas. diretamente a todo mundo que me atura dia a dia. a quem aguenta a minha chegada abusada eventual. a quem precisa entender, bem no fundo, que eu amo de outras formas. as formas que eu contemplo no meu mundinho.

no mais, eu acho que a gente abraça com os olhos, com o ouvir, com o partilhar. a gente se abraça por telepatia. energia boa não vai embora tão fácil.

vamos só entender um ao outro, receber o que cada um tem pra dar, não importa como seja, porque a gente não dá as mãos da mesma forma, nunca. trata-se de empatia. e é que nem andar de bicicleta: basta praticar.

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