O problema é que
ninguém precisa maltratar nenhum de meus bens. O problema é que,
por mais que a algo eu atribua essa culpa, ela sempre será minha. O
problema é esse, a culpa sempre é minha. O problema é a minha
dificuldade em criar problema. Mas o maior problema é achar que eu
quero uma solução, quando, no fundo, o que eu quero é mais
problema. Eu saio por aí, caçando matos sem cachorro onde eu possa
caber. Fuçando as piores situações onde eu possa me adequar.
Procurando as mais variadas presepadas onde eu seja a vítima. E pior
ainda, é quando eu não consigo ser a a vítima, transferindo esse
protagonismo para outrém. Não há saída, no final, eu ainda vou
estar me sentindo péssimo. Eu ainda vou passar a pedir desculpas e a
morrer de vergonha por ter metido a mim e a quem quer que seja nos
vexames da minha vida. Meu Deus, quem quer que seja você, eu estou
tão perdido. Eu não sei para onde correr, para quem correr, a quem
me desculpar ou a quem agradecer. Em que lugar ficar ou permanecer,
por muito, muito tempo. Eu, mais uma vez, tentei ser um B de algum A,
por aí, tão perdido quanto eu. Só que, como sempre, não formamos
um C. Um C que é fundamental para a felicidade. A felicidade que eu
acho que eu quero. Que eu acho que conheço. Não deu certo. Como de
costume. E a angústia vem me fazer companhia mais uma vez, como se
já fizesse parte de um ciclo. Da minha história. Escrevo agora
porque não me resta mais nada. A não ser a certeza de quem o amanhã
vai me trazer uma nova procura insistente na tentativa de quebrar a
cara mais outras zilhões de vezes. Parece até que nem dói mais.
Insisto, insisto mesmo, sem razão ou causa nenhuma. E o peso de
tanta vergonha me enche. Além de uma dúvida iminente de não saber
até onde aguentar. Até onde levar. E é mais ou menos assim, entre
palavras e sentimentos de tanto desgosto, estou eu. Eu e a vontade de
aprender a ser só pra me acostumar logo.
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