domingo, 1 de dezembro de 2013

A faca e o queijo

Deve existir um termo – se sim, não o conheço – que indica a taxa, o grau, a probabilidade que uma pessoa tem de fazer algo de errado. E eu sou mestre nessa arte. Sabe quando se sente que está quase “lá”, que falta pouco, muito pouco, e de repente tudo desmorona, tudo volta pro zero? Senti na pele. E mais que uma única vez. Junta-se a isso o fato de a culpa pra todo o mal do mundo ser minha. Quando alguma coisa não sai como o planejado, não existe azar, dia ruim, “tente outra vez” que resolva. Eu sempre vou me martirizar. Tenho habilidade incrível pra deixar a faca cair, ou tremer um pouco e não conseguir cortar o queijo. Pronto! Suficiente pra passar os próximos dias na companhia do fracasso. Fugindo da paz. Chorando e se remoendo. Fazendo mal a mim. Mas passa. Uma hora eu decido me livrar da tristeza. Não totalmente. Pelo menos um até logo. Pois sei bem que uma última vez de não partir o queijo com êxito talvez nem exista. Pessimista? Eu? Um pouco, um pouquinho só, quase nada. Eu aceitei que de vez em quando, meus ombros precisam servir de base para a dor do mundo. E ela pesa, com pesa... Só que eu não me importo mais, me conformei, e sim, a partir daí, dói menos. E se tenho alguma certeza é de que um dia, alguém, a estar do meu lado, vai me dizer para ter cautela com a faca na mão, e vai impedir que eu sangre novamente (freqüentemente, além de tudo, confundo o queijo com um dos meus dedos). Sucesso? Acho que um dia eu cruzo com ele por aí. Vivo tentando. Mas ainda tenho tanto suor, tantas lágrimas a derramar. Ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário