domingo, 5 de abril de 2015

Ex

Acreditava que a amizade poderia, e como, começar como um namoro: "Quer ser meu amigo?". Num pedido a alguém que satisfizesse  por completo suas necessidades intelectuais. Um convite, às vezes no escuro, a quem, mesmo tendo outros mil amigos, estivesse disposto a se abrir para mais mil. Juntos viveriam grandes momentos, compartilhariam boas histórias e lugares, chorariam um a tristeza do outro. Mas principalmente, sorririam o quanto pudessem, seriam dois. Por quanto tempo? Talvez uma semana, quem sabe um ano ou vinte. Um "sim" seria o passaporte para a belíssima parceria. E após aquele tempo de flores, quando a desilusão pulasse a janela, as piadas já não fizessem mais sentidos, e os tempos de "nunca pensei" chegassem, só um fim seria solução. Dar vida nova à relação para quê? Tendo tantas outras batendo na porta, tendo a oportunidade de salvar a pureza ainda pouco existente? Fotos manteriam as boas lembranças, cartas no baú carregariam a letra do ex-amigo.
Acreditar, acreditava, mas nada disso punha em prática.

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